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Viram pegadas dando a volta pela mansão saindo pelas portas da frente. 

- Nos separamos e um de nós vê as pegadas, vamos todos na mansão ou vamos todos seguir as pegadas? - ponderou Sabbath – Makalister, o que você acha? 

- Antes de tudo – disse ela tirando a mochila de suas costas – tenho que fazer uma coisa aqui fora. 

Ao tirar aquele dispositivo da mochila, os dois rapazes se assustaram pelo segredo que ela guardou até aquele momento 

Tirando de dentro de um “pacote de comida” ela possuía uma Bomba de Sangue Compresso, sua “entrega” para Cream, também conhecida como “Genocídio Genocida”.  

Quando e quantos? – perguntou Xamã assustado – era óbvio que o Instituto proibiria a criação de uma coisa tendo o suficiente delas criada. 

- África, 144. Você sabe né Sabbath? 

- O Genocídio Laranja em 138. 144 pessoas desaparecidas, nenhum corpo encontrado. Isso explica tudo. 

A Bomba de Sangue Compresso é um grande sacrifício em busca de criar uma arma que mata qualquer criatura viva em uma área, dependendo quantas pessoas foram usadas. 

- Se foram 144... Quanto é o alcance? 

- O topo da montanha apenas. 

- É bastante – falou Xamã – na verdade, é horrivelmente grande esse alcance. Elas pelo menos eram culpadas? Uma célula terrorista talvez? 

- Não – falou Sabbath – Era... Era um pequeno hotel, famílias inteiras. Chegaram à conclusão que era obra de algum Arqui-Afinado que tinha enlouquecido em algum canto do mundo. Nunca teríamos como descobrir... Quem quer que fosse, saiu impune... 

Os dois olhavam com olhos de penitência para ela. 

- Eu sei... eram outras vidas, eram outras pessoas, sonhos, amores, destinos. E mesmo que sintam algum tipo de raiva do Instituto, era necessário. E não adianta tentar vir com o a ideia de o que é certo e o que não é. Quando fizeram os estudos para seus poderes vocês juraram não se importar mais... 

Xamã e Sabbath perceberam que estavam agindo errado. Se fosse necessário enfrentar O Um, essa arma aumentava muito suas chances de vitória. O fato de terem sido vidas inocentes aumentava em muito a eficiência dela. Isso com certeza era uma das coisas ruins para Sabbath, a injustiça do mundo. Mas se nem ele se importava, como poderia pedir a atenção dos outros para esse assunto? Hipocrisia, sim, isso seria hipocrisia. 

- Vamos checar as pegadas então... Cream pode esperar – falou ele indo na frente. 

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Ao completar 18 anos, entrei naquela caverna, desci até o coração da montanha e lá encontrei seu corpo selado. Os Quatro Primeiros jaziam ali, juntos com O Um. Porque eles tinham feito aquilo? A putrefata ignorância dos homens impediu O Um de completar sua missão, eles não conseguiriam entendê-lo como eu o entendi, não tinham a dádiva, eles não eram Creams. 

A voz de meu amigo reapareceu, e ela me disse tudo que eu tinha que fazer para ajudar. Precisaria de uma fortuna e todo o tempo do mundo para que funcionasse. 

Sorte que eu tinha os dois. 

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VIRATEMPO?! – gritou Xamã ao vê-lo caído na neve em frente à estação. 

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Depois de tanto tempo, eu consegui. 

Agora, acorde meu desafortunado. 

Vá salvar o mundo. 

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Ao acordar, o frio e a dor de Viratempo provaram sua pura e triste vividez. Viu ao seu redor rostos dos quais ele tanto prezava poder rever. 

- Vocês... Estão vivos! – exclamou ele enquanto abraçava Xamã - Eu achei que você tinha morrido nas cavernas! 

- Eu também achei que você tinha morrido lá - disse ele dando um pequeno sorriso – bom saber que está vivo... Como você veio parar aqui? 

- Uma ótima pergunta – falou Sabbath – como chegou aqui antes da gente? 

- Quando eu caí pela caverna, eu acabei no posto de novo, vi um cara vestindo um robe encharcado de sangue ligar aquele rádio amador que estava quebrado, vocês sabem alguma coisa dele né? 

- Ele era um monge que estava no Monastério, nós o machucamos, mas não conseguimos matá-lo. Você o matou? – falou Makalister 

- Uma bem no meio dos olhos. Atirei novamente depois quando cheguei mais perto. Eu percebi que ele tinha colocado o mapa no fogo e tirado rapidamente, tinha linhas secretas que eram todo o mapa de cavernas da montanha, como eu não sabia se vocês estavam vivos eu decidi terminar tudo o mais rápido possível. Eu tracei o caminho que ia direto para o cemitério Hendrix do lado da Mansão e passei bastante tempo subindo essa merda de montanha. Entrei na mansão e... 

- E? - perguntou Makalister esperando que qualquer coisa saísse da cabeça dele. 

- Meu Deus... Eu... Eu não lembro! EU NÃO LEMBRO O QUE ACONTECEU LÁ DENTRO! 

- Isso só significa uma coisa – completou Sabbath – Temos mais um inimigo. Vamos descansar um pouco na estação. Temos muita coisa para te contar Viratempo. Muita. Coisa. 

Os quatro se dirigiram para a estação. Makalister fez uma fogueira para se esquentarem enquanto viam o sol começar a alcançar o horizonte, Xamã se encarregou de explicar tudo e a cada linha de fala os olhos de Álvares se arregalavam mais. Ao recontarem tudo que descobriram notaram a loucura que era aquela situação. Para Sabbath, isso tinha se tornado outra das coisas ruins, a grande resposta para sua curiosidade infantil. Viratempo contou sobre suas mães e todos permaneceram em silêncio. De nada adiantava gritar, o que podiam fazer era entrar na mansão e terminar tudo. Era necessário. 

Sabiam que se descessem a montanha naquele momento não se perdoariam. Com tudo que estava em jogo, com tudo que eles passaram, tinham que pôr um fim em Cream. 

Sem perceber, o diário do qual Viratempo tinha encontrado sumira sem nenhum traço. O receptáculo fora quebrado. 

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