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144 D.V. (Depois da Visceralidade) (1990 D.C.) 

Algum lugar no inverno. 

Uma das coisas ruins era o frio, e para Sabbath ele o congelava até os ossos. Dali já não tinha mais volta, ele jurava ter visto um Bloodmancer destruir a única ponte que dava acesso à Montanha Negra, e agora ele tinha que conseguir chegar ao Posto de Controle Voraz no pé da montanha, mas a neve, o cortante frio e o peso de sua mochila não o ajudavam na tarefa. Decidiu então não pensar em nada, apenas se mover mecanicamente até chegar lá, se parasse de pensar no plano que estava executando e em tudo que o levou até ali poderia sentir menos frio talvez. Depois de alguns eternos minutos, ele alcançou a porta de madeira da casinha que tinha visto lá da ponte. Abriu rapidamente, entrou e fechou-a, deixando aquele frio e os movimentos mecânicos para trás. Deixou-se voltar a pensar nas coisas, e logo começou a questionar quem eram as outras três pessoas que estavam ali dentro do posto. 

Perto da lareira no outro lado da sala havia uma mulher, o olhava com olhos profundos e difusos de um castanho fervoroso, o que o lembrava do calor das savanas da África. Sua pele clara se tornava um fraco dourado com a luz da lareira, que era parecido com a cor de seu cabelo curto. 

Na janela do local um homem encapuzado olhava para o lado de fora, seus olhos verdes pareciam tentar encontrar alguma coisa no meio da neve e do frio, e sua pele escura possuía um entorno branco graças à luz vinda de fora. Tirou o capuz, coçou sua cabeça raspada e sentou em uma das poltronas que havia no meio da sala. Em outra poltrona estava o último homem, lia alguma coisa com as pernas cruzadas, os olhos azuis dele se mexiam com velocidade pelas páginas e de tempos em tempos ele arrumava seu cabelo negro relativamente longo para atrás da orelha quando ele caía. 

Black Sabbath se aproximou. 

- Eu vou fazer uma pergunta, e dependendo da resposta de vocês... Eu saberei se são meus inimigos ou não - todos se viraram para ele, o homem fechou o livro e o fitou. 

- Vocês já ouviram falar de William Gibson Cream? - perguntou Sabbath, em pé, pronto para responder qualquer movimento que eles fizessem. 

A mulher perto da lareira levantou. 

- Eu te respondo com uma pergunta, o que quer fazer com William Gibson Cream? - perguntou ela, esperando a qualquer segundo um movimento de batalha.  

- Quero matá-lo – disse Sabbath sem pestanejar – Quero mandá-lo ao inferno de onde ele veio. 

- Porquê? - falou o perto da janela. 

- Porque ele é o único que sabe o que aconteceu com a minha mãe, o único que sabe porque ela sumiu de casa e porque a única pista que voltou ao meu país sou eu - disse Black, fitando o homem na janela. 

O sujeito de olhos verdes tirou uma arma do coldre escondido por baixo do casaco. Com seus olhos atentos ele mirou seu revólver para a cabeça do esguio homem branco que estava parado perto da porta. 

- Mentiroso! Você me conhece né? Como sabe isso? - falou ele, segurando a arma com as duas mãos. 

- Espere aí, a sua mãe também sumiu no seu parto? - perguntou o de olhos azuis. 

- Você também?! - agora ele alternava a arma entre os dois. 

- Um momento - falou a mulher – tem alguma coisa estranha aqui. Minha mãe também sumiu... 

Todos eles se entreolharam. O sangue que os ligava se revelou. 

O mistério da montanha começa a se esvair!