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Xamã não conseguia acreditar! Ele a tinha encontrado! A MÃO ÁUREA! A LENDÁRIA MÃO ÁUREA! 
Criadora de tantos mitos e lendas, depois de tanto tempo ela estava ali, nas profundezas da Montanha Negra! Nunca tinha lido um livro com tanto interesse! 
CAPÍTULO UM: A VISCERALIDADE 
NO ANO 1846 D.C., lendas dizem que uma estrela caiu do céu, e nela O Um teria vindo, ser que podia destruir tudo que visse em sua frente. Quatro monges das igrejas do mundo descobriram que a vinda dele trouxe poder para os humanos, eles descobriram assim as trocas enquanto O Um caminhava pelo globo, trazendo caos e morte para quem que ficasse em sua frente. Depois de meses de estudos, Os Quatro Primeiros Afinados deram sua vida em troca de selar O Um nas Cavernas de Altamira, marcando assim o corpo dele com uma marca de mão dourada, a Mão Áurea. Antes de se sacrificarem catalogaram todo o processo das trocas e dos rituais em seus jornais, que foram transcritos e depois proibidos de serem lidos pelo público. Hoje os métodos de rituais e trocas são conhecidos apenas pelos Arqui-Afinados e seus discípulos, sendo isso um direito governamental protegido pela Organização das Nações Unidas. Não é legalmente liberada a explicação dos rituais para os desafinados. 
Sem afinidade não há o Um e sem o Um não há afinidade, foi com sua vinda que a possibilidade de alcançarmos algo maior pela primeira vez alcançou os dedos da humanidade 
Xamã releu a parte sobre o corpo marcado e tremeu nas suas bases. Voltou a fitar a pedra e reparou certos bizarros contornos, logo viu ali um braço, depois uma perna. Se o livro estava correto... 
AQUELA PEDRA ERA O UM! 
E se aquela pedra era O Um... Onde ele estava eram AS CAVERNAS DE ALTAMIRA! 
Os xamãs que o ensinaram com certeza se reviravam na eternidade de inveja! E no meio da onda de estranha felicidade e descoberta, Victor jurou ter ouvido uma tênue e calma voz vindo de algum lugar. A felicidade sumiu num instante. 
Não era nenhuma língua entendível e ela parecia ecoar pelas cavernas profundas. Seu treinamento de Afinado entrou em ação, ele se manteve são, olhou para o livro novamente e viu gotas de sangue, de todos os cortes que ele tinha no corpo, sangue começou a pingar deles. Era como se alguma coisa puxasse sua hemoglobina para fora, querendo-a somente para si. 
A aflição e o horror pelo desconhecido o fizeram fugir, viu que havia outra escada de pedra lapidada e subiu rapidamente, ao chegar no topo bateu em uma grande porta de o que parecia ser ouro, era tão pesada que não se moveu com a batida, por ali ele não teria passagem, e graças aos seus instintos ele observou outra entrada para as Cavernas de Altamira, a voz ficou mais audível em sua mente. 
Correu de volta para a escuridão. 
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A coloração vermelha do olho de Renton era mais vibrante desta vez, seus curtos cabelos agora pareciam levitar enquanto ela quebrava a barreira imposta por Twain, alguns segundos depois as mãos dela atravessaram a porta. Estavam finalmente livres daquela sala. A primeira coisa que fizeram foi encontrar suas mochilas e suas roupas que tinham sido jogadas no corredor. Makalister se certificou que sua “entrega” não estava danificada. Recolocaram-nas e ela acendeu a lareira que havia na grande cozinha do local com uma bola de fogo, o monge tinha colocado um micro-ondas e uma geladeira ali, o que fazia um estranho contraste dá antiguidade do mundo pré-Visceral com o pós. 
- Então... Você é um Devorador? - perguntou ela. 
- E você é uma Culter... - respondeu ele, impressionando-a. 
- Como voc- 
- Esse tipo de Reposição só pode ser militar. E o jeito que você atuou e se controlou com tudo acontecendo... Ou você era alguém impossível de existir ou alguém do Instituto de Pesquisa de Afinidades, um Bloodmancer que decidiu caçar outros Bloodmancers teria todas as características que você têm, disso não tenho dúvidas. 
Você tem uma boa percepção. Mas se é um Devorador... seu tempo como mercenário na África... - falou ela. 
- Isso. Fui até a última tribo existente de Devoradores, foi difícil achar já que o povo mantém uma extrema discrição sobre este assunto. Mas com o tempo e algumas provas de confiança, pude fazer minha iniciação e depois o treinamento. 
- Eu só ouvi relatos e mitos sobre isso. E o que eu ouvi era bastante pesado, até mesmo para mim. 
- Toda e qualquer informação que ouviu sobre os rituais e os treinamentos com certeza foram atenuadas. São coisas das quais não me arrependo de ter feito, mas foram erradas de qualquer maneira. 
- Porquê fez isso? - perguntou ela enquanto abria seu pacote de comida que trouxe na mochila e levava para o micro-ondas. 
- Porque você trocou suas pernas e seu olho? - respondeu ele enquanto pegava um de seus pacotes de comida também. 
- Poder. Eu queria poder sentir a escolha nas minhas mãos - falou ela. 
- Eu também. Antes de ir para a África, um Bloodmancer que era contratado dos Sabbath me disse que eu encontraria “o poder da besta no berço da humanidade”. E eu encontrei. Quando voltei usei do meu poder... lembra o que eu disse no posto? 
Renton lembrou de quando ele havia dito que se assegurou que os inimigos da família Sabbath não os atrapalhariam mais. O pacote de Black estava cheio de dedos e orelhas humanas. Seus aperitivos. 
- Eu – continuou ele – eu não enterrei nenhum deles, mas ainda assim, nunca encontraram seus corpos... 
Mordeu um terço de uma orelha. 
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Ao entrar novamente no posto, Viratempo deu mais um tiro na cabeça do velho para ter certeza. Olhou para o mapa e ficou pasmo. Haviam novas linhas nele! 
“O fogo talvez as tenha feito aparecer” 
Elas passavam por toda a montanha, se conectavam e se perdiam pela imensidão das profundezas. Viu que uma destas novas linhas passava ao lado da Vila Ramones, e ao lado do local havia um ponto na mesma linha, o que parecia indicar alguma coisa. Sua mente conectou as informações que viveu e que adquiriu e chegou em uma arrebatadora conclusão... 
AS LINHAS ERAM AS CAVERNAS! 
Vendo isso, reparou no meio do caos de linhas que no centro da montanha havia um grande círculo, e dentro dele escrito com pequenas letras a seguinte frase: 
manter distância 
Sentiu um calafrio percorrer sua espinha. Por alguma razão ainda por ele desconhecida sentiu que a morte ou algo pior o esperava lá, esquecida no meio do labirinto cavernoso. Reveu o velho “papiro” que tinha em mãos e notou um caminho no meio de todas aquelas cruzadas, um que levava diretamente ao topo. Ao lado da Mansão Soundgarden, no Cemitério Hendrix. 
Olhou novamente para o chão e viu o sangue do inimigo encostar em sua bota. 
“Ele claramente era um Darkmancer, já que Bloodmancers não consertam nada inanimado. Então pelo menos ainda existe mais um inimigo na montanha. E ainda não sabemos se há outros tipos de Resultados pelo caminho também... Merda” Pensou ele, tentando traçar um plano. Lembrou do café e pegou mais uma rodada. 
Depois de meia hora teve uma decisão, pensou na situação em que estava. Não sabia se nenhum dos outros estava vivo, e agora tinha o caminho perfeito até onde ele queria ir, e como agora não estava assustado, cansado e com o sangue correndo rapidamente pelas veias poderia usar de suas afinidades para passar despercebido pelos darklings, agradeceu aquela pequena conversa idiota que estava tendo com Xamã enquanto subiam para a Vila. 
“Se um dia precisar passar por darklings, só se camuflar com o ambiente, os idiotas não sentem afinidade e nem sentem cheiros. Você sabe se camuflar né?” Viratempo queria que os outros ainda estivessem vivos, e por causa deles e do mistério que os unia que fez a sua escolha. 
Subiria até o Cemitério Hendrix, entraria na Mansão Soundgarden, descobriria o paradeiro de Cream, e se estivesse vivo perguntaria o porquê de ter feito tudo aquilo. Com a explicação terminada, o faria esquecer de toda sua vida e de tudo que fez enquanto transformava os ossos dele em pó com seus próprios punhos. 
se Cream já estivesse morto, faria a mesma coisa. Apenas para ter a certeza do fim... 

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