12

Prudence acabou alguns minutos depois e optaram por vasculhar o monastério em busca de respostas. A pequena capela dali não lhes deu nenhum tipo de informação e claramente nem o monge havia sequer dado o trabalho de limpá-la. No pequeno cemitério encontraram apenas quatro cruzes de madeira quebradas. A terra de um dos túmulos parecia mexida, como se tivessem cavado ali novamente, só era possível ler o nome dessa cruz: 
Padre Teixeirinha 
Renton lembrou do papel que havia lido na Vila Ramones. 
- Esse foi o Padre que deixou a mensagem na porta para um tal de Neil lá na Vila. Tinha sangue no papel. 
- Lembra de ter visto algum Retornado com roupas de padre na Vila? 
- Não... Tem chances de que ele não tenha morrido lá. Talvez foi atacado, mas conseguiu chegar no monastério com vida? 
- Acho que se quisermos chegar em um consenso geral – falou Sabbath - devemos achar mais pistas, vamos checar os quartos. O monge pode ter residido em um deles. 
Sabbath nunca esteve tão certo. No segundo andar acharam dois quartos com coisas levemente antigas. No primeiro acharam outro mapa da Montanha colado na parede, na ponta dele havia uma observação: 
Os caminhos estão no Posto 
Ao lerem isto quiseram descer e desvendar a frase, mas pensaram nos outros e que eles talvez os estivessem esperando mais adiante, na Falha Deep Purple e nas Ruínas Stardust ou até mesmo na Mansão. 
Tirando o mapa na parede, o local ainda estava cheio de pistas. Renton viu que na escrivaninha ao lado da cama havia um antigo livro, do início até a metade era um livro de salmos antigos resgatados de eras antigas, ao abri-lo mais para o final encontrou um diário que possuía apenas uma única entrada: 
1846 D.C. 
Há dias que os Afinados já adentraram a montanha e o céu das noites brilha como nunca brilhou. Creio que minha total ignorância sobre seus métodos é o que está me mantendo vivo, e sinto que esta vontade de me manter vivo diferença nenhuma fará quando o Um chegar aqui. Que o julgamento de Deus sobre nossas almas seja rápido se assim ele quiser. 
Esta é minha primeira entrada em meu relato sobre a Calamidade na qual vivemos e sobre as tais afinidades das quais vou tentar entender. Não sei quando o Um irá chegar para finalizar os horrores do inferno que caíram sobre nós, mas já digo que Deus trará a justiça à todos os moradores do Vilarejo Ramones, fará o Um pagar por transformá-los em seres carentes de suas faculdades mentais perseguidores da carne. Pois nele acredito, e isso me traz forças para seguir adiante. 
Padre Teixeirinha 
Ao reunir as informações que tinha em suas mãos, uma estranha questão apareceu em sua cabeça. 
- Tem um diário secreto nesse livro. É datado do ano da Visceralidade. Ele fala que os Afinados tinham adentrado a montanha. É do padre que deixou a mensagem na vila. Será que... 
- Aquela vila era toda cheia de Retornados. Ele tinha deixado a mensagem para alguém, certo? 
- Sim, um tal de Neil. Ele tinha decidido subir a montanha para falar com os Afinados. O Padre disse que Deus faria o Um pagar pelo que fez com os moradores da Vila, eles provavelmente foram afetados pela Grande Peste do Um e se tornaram Retornados. 
Sabbath pegou algumas fotos que estavam em cima da escrivaninha e deu uma pequena risada de um certo desespero. 
Renton. Eu acho que nosso mistério é um pouco mais fundo do que pensávamos. 
Ele revelou as fotos que havia encontrado a ela. Uma delas era de um Retornado com roupas de padre estudando na cozinha do monastério, seu rosto engolido pelo tempo estava concentrado em estudos dos rituais de sangue dos Bloodmancers, e a outra era da lendária Mão Áurea nunca encontrada pela humanidade, mas sempre citada nos livros antigos, seu amarelo desbotava para um verde nos redores e a rocha possuía bizarros contornos. 
Makalister – falou Sabbath se dirigindo a janela do quarto decorada com a vela para olhar a montanha – eu acho que foi aqui que tudo mudou. Talvez tenha sido nessa montanha que selaram O Um. 
Ela engoliu seco, quando havia chegado ali pela manhã queria apenas descobrir o paradeiro de sua mãe e a ligação que ela tinha com Cream. Mas agora, ponderava se sua decisão de ir até ali em busca de respostas fora correta. 
- Isso pode ser em qualquer lugar, o Um está nas Cavernas de Altamira de acordo com a lenda, não quer dizer que... 
Os afinados no topo da montanha, os Retornados, não queria que ele estivesse certo, não queria que aquilo estivesse acontecendo. Uma grande coincidência era o que queria ouvir, mas nada provava o contrário no momento. 
Já não tinha tanta certeza se sairia viva dali. 
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Padre Teixeirinha escreveu sua primeira entrada no diário e foi em busca de deixar um aviso para o suposto Neil quando foi atacado pelos Retornados que existiam na Vila. Os outros padres conseguiram trazer o corpo de Teixeirinha para o Monastério e o enterraram dignamente. O desconhecido Bloodmancer tinha ressuscitado Teixeirinha e o monge Darkmancer o tinha dado aulas sobre Afinidade, algo do qual no diário ele expressava ter certo interesse. Tudo isso para ele conseguir levantar os antigos moradores da vila quando “os atormentados” chegassem. O preço para ressuscitar um corpo morto sempre foi baixo, mas trazer de volta a total racionalidade dele junto torna a ação um ato basicamente genocida, mas de alguma maneira eles conseguiram de algum jeito. 
Foi essa a conclusão que conseguiram retirar quando terminaram de investigar o quarto do monge. 
- Os Retornados caíram quando Xamã e Viratempo se separaram de nós. Então eles provavelmente o mataram, mas acabaram se perdendo em algum lugar. A questão é aonde? - questionou-se Renton. 
- Talvez fosse o plano desses caras, talvez eles quisessem nos separar, além de que nos chamam de “atormentados” por alguma razão. 
- Pode apenas ser uma piada entre eles, já que nós não tivemos vidas fáceis. E isso prova que eles sabiam que nós viríamos, nós quatro. 
- Então a nossa vinda aqui foi planejada? Mas como eles fizeram todos nós virmos no mesmo dia? Nunca nos vimos na vida. 
- Eu não sei... – falou ela  deve ter alguma resposta em algum lugar, nunca ouvi falar de nenhuma afinidade que fizesse isso, vamos no outro quarto. 
A única coisa que encontraram foi um papel rasgado com uma mensagem escrita à mão jogado em cima de uma cama arrumada, não havia mais nada no quarto e a janela parecia trancada por décadas. O papel tinha apenas uma frase: 
Nos vemos nas ruínas 
- Eles estão lá, as chances não são muito grandes de estarem juntos já que machucamos bastante o monge, mas o Bloodmancer e ele podem estar nas Ruínas Stardust nos esperando – falou Sabbath, tentando imaginar o que poderia ter na falha Deep Purple e no caminho pela montanha. 
- Será que conseguimos deter esse Bloodmancer? Você mesmo disse que esse destruiu a ponte sozinho, o que ele possivelmente teria trocado? 
- Eu não sei – respondeu ele ponderando suas opções - mas temos que tentar chegar no topo. Temos que descobrir como a vinda do Um, a Visceralidade, essa montanha e nossas mães se juntam e fazem sentido. Se as Cavernas realmente estiverem abaixo de nossos pés... 
A situação se tornava cada vez mais complicada. Makalister tentava ligar as peças do quebra-cabeças, mas entendia que ainda faltavam muitos pedaços para se ter uma verdadeira visão de tudo. 
Decidiram então tomar um café que presumiram ter na cozinha do monastério também, em poucos minutos se esquentavam novamente, dessa vez com um café feito por Sabbath, muito melhor do que o do Posto. 
Com muito mais perguntas do que respostas os dois se agasalharam novamente, apagaram a lareira, arrumaram suas provisões e voltaram para o frio da neve, continuando o caminho que seguia subindo a montanha para além de Tom Sawyer. Não viram nenhum rastro de sangue no caminho que ascendia ao topo. 
Sabbath e Makalister se olharam com um pequeno e curto alívio. O monge não estava com o Bloodmancer. Suas chances de ganhar tinham aumentado. Próxima parada: A Falha Deep Purple! 


(E aí pessoal, tudo bem? Já estamos no capítulo 12! Se estão gostando, peço por favor que compartilhem com seus amigos e família que possam gostar de Todas As Coisas Ruins também! Não se esqueçam de se inscrever com seus e-mails! Até a próxima!)

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