03
Viratempo tinha encontrado mais xícaras escondidas atrás da geladeira e nelas distribuiu igualmente o café enquanto os outros na sala estudavam o mapa.
O papel já estava com a cor parecida com a da bebida quando Álvares trouxe duas xícaras ao passo em que as outras duas flutuavam ao seu redor para eles.
- Você fez o café? - perguntou Xamã já o degustando graças ao frio.
- Não. Foi o inimigo. Mas não está envenenado, eu chequei.
- Pelo menos é um bom café - falou Renton, segurando e olhando novamente o nome dos locais e estudando as rotas até eles – nosso inimigo pelo menos sabe o que é bom.
- Verdade – respondeu Sabbath, deixando o líquido quente amenizar o congelamento interno – Vamos ver o que cada um trouxe nas mochilas.
Tiraram o rádio amador da mesa e o colocaram no chão de madeira antiga, que rangeu durante todo o movimento da mesa para perto da lareira e o afastamento das duas poltronas.
- Eu começo – falou Black – trouxe uma lanterna, comida, um isqueiro e água. Tinha mais no carro, mas ele se foi junto com a ponte.
- Que tipo de comida? – perguntou Xamã.
- Carne.
- Nenhuma arma? – perguntou Álvares.
- Não preciso.
- Okay – respondeu Renton, decidindo ser a próxima – eu trouxe uma bússola, comida e água novamente, um casaco extra e um pacotinho de carvão, já que o fogo eu consigo fazer.
- Eu acho que todos aqui trouxeram comida né? - disse Xamã, eles concordaram – aproveitando que todos voltaram a atenção para mim, tirando a comida e água, eu trouxe meu livro, carregadores e minha arma – ele tirou de um coldre da jaqueta (como Álvares tinha feito), uma pistola Colt 1911 com um símbolo NATAS em seu cabo agora enfeitava sua mão, o símbolo - um círculo cortado por duas linhas e rodeado por quatro bolas - significava que era um objeto ligado com afinidade e que seria perigoso para um não usuário.
- Isso é uma Extensão? - perguntou Viratempo.
- Sim, ela nunca pode quebrar e pode voltar para a minha mão a hora que eu quiser. As balas que eu atirar por ela seguem até não conseguirem mais.
- São balas normais? – perguntou Sabbath.
- Não. Tem partes de minhas memórias nelas, isso as fazem serem bastante eficazes contra basicamente tudo. Tenho umas 45 delas, eu acho. - disse ele, checando sua arma.
- E o livro – perguntou Makalister – Sobre o que é?
- A Visceralidade. A história da afinidade basicamente. A Mão Áurea, Os Quatro Primeiros Afinados, as Cavernas de Altamira, O Um, todas essas coisas que nunca encontraram e se mantém como mitos... Estou relendo já que tinha trocado memórias importantes de quando li o livro fazendo mais dessas balas.
- Ok. Viratempo, o que trouxe? - falou Sabbath.
- Comida, meu revólver normal que vocês já viram e whisky. Para esquentar.
- Nada mais? - perguntou Xamã.
- Não preciso. Igual o Black.
- Feito então - falou Makalister – vamos voltar aos planos, checar a rota.
Colocaram o mapa na mesa e o prenderam com suas lanternas. Lá em cima se encontrava a Mansão Soundgarden, e a longa travessia recheava a montanha. O Posto de Controle Voraz ficava um pouco ao leste do centro do sopé. Teriam de subir para o noroeste para passarem pela Antiga Vila Ramones, provavelmente abandonada há tempos, já que a montanha era uma área privada. Dali seguiriam para o oeste sem quase subir e passariam pelo Monastério Tom Sawyer, talvez também abandonado. De lá subiriam nordeste e chegariam na Falha Deep Purple, e dali iriam para o noroeste novamente para encontrarem As Ruínas Stardust, então, subindo reto pela rota dada no mapa, eles chegariam aos portões da Mansão. Não sabiam quantos inimigos existiam e onde estavam, e também não sabiam se poderiam existir Resultados na montanha.
Os ventos pararam e o sol subia, o frio havia diminuído. Era hora.
Terminaram seus cafés, fizeram suas necessidades no banheiro e arrumaram novamente suas mochilas. Sabbath colocou a mão na maçaneta fria da porta e se lembrou dos movimentos mecânicos. Olhou para trás e os viu ali, um grupo inesperado de pessoas o esperando abrir a porta para o início do dia em que se revelariam todos os segredos do mundo.
A jornada começava!
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