14

- Fique em prontidão - falou Sabbath - não sabemos o que pode estar nos esperando aqui. 
A falha era inóspita, e graças aos recentes acontecimentos, isso deixou Sabbath e Renton com seus sentidos a flor da pele. O corte em si da falha era grande que não se podia ver o fundo, e existia várias maneiras de se conseguir descer até lá embaixo, o que não era o objetivo dos dois. A única coisa que queriam fazer ali era passar rapidamente, o tempo corria contra seus gostos e não gostavam da ideia de ficar ali a noite. 
O caminho de pedra permeava a grande queda que era a Falha Deep Purple, apenas um bom empurrão em alguém e ela nunca mais seria um problema.  
- Tem alguma coisa aqui que não está fechando – indagou Renton - se eles quisessem nos matar, porque ainda não nos empurraram em direção a morte certa? 
- Estou tendo uma forte impressão de que eles não querem fazer isso – falou Sabbath – pense comigo, porque deixariam uma mensagem para nós irmos até as Ruínas? 
- O Bloodmancer pode ter deixado para o Monge – respondeu ela – eu ainda acho que o Monge falhou na missão dele e decidiu fugir da montanha para não morrer. 
- Mas a ponte foi destruída. Você acha que isso não faria parte de um plano? Você acha que ele fez tudo aquilo tentando me matar? Você sabe que tem maneiras bem menos escandalosas de matar alguém a longa-distância se ele quisesse terminar com isso rapidamente. 
Renton voltou a pensar melhor. 
- Vamos ver por outro ângulo - disse ela, ainda subindo pelo caminho pedregoso na encosta da queda - Nós viemos no mesmo dia, quase na mesma hora para um lugar esquecido pelo mundo no meio do inverno em busca de uma resposta para a mesma perguntaaquele monge poderia ter nos matado facilmente com uma facada na garganta se ele não fosse louco... Como você juntaria o nosso mistério com a Mão Áurea? 
- As quatro pontas – falou Sabbath - Nós somos quatro pessoas, e a base da Afinidade é a estrela de quatro pontas correto? 
- Correto. 
- O meu palpite é que nossas mães fizeram parte de algum ritual, alguma coisa ligada a Mão Áurea e O Um, aqui, nessa montanha, se as Cavernas de Altamira e ele estejam aqui. Isso explicaria ser quatro pessoas. 
- É um grande chute... - pensou Makalister – Mas por alguma razão sinto que estamos no caminho cer- 
Um grande estrondo varreu a montanha, Sabbath e Makalister viram grandes labaredas vermelhas voarem aos céus em um local mais adiante na montanha. Os dois se entreolharam. 
- Xamã e Viratempo acharam outra maneira de subir e outro inimigo? - falou Black. 
- Exatamente. Vamos ajudá-los! - Makalister começou a correr pela trilha de pedras e Sabbath foi atrás. 
----- 
Quatro balas a menos e dois acertos no braço direito, Djonga fez um fogo tão forte que conseguiu derreter duas das Balas Extendidasas outras duas conseguiram contornar o fogo por pouco e se alojar no braço dele, o inutilizando. O prejuízo para Xamã por enquanto não fora nada, mas pelo último ataque, provavelmente não seria assim por muito tempo. Se não estivesse cansado de correr daqueles Resultados poderia ter acertado em alguma parte de verdade, mas precisava de um pouco de descanso se conseguisse controlar as balas à vontade. 
Tinha munição o suficiente para aguentar por várias horas, como sempre fez quando exterminava darklings, mas táticas de guerrilha não funcionavam em batalhas de afinados, os dois sempre sabem onde o outro está já que sentem a afinidade do outro. 
Você sabe que se esconder não adianta certo!? – falou Djongavendo que sua mão de aço não mexia mais. 
- Eu sei! – falou recarregando sua arma – só estou formulando umas perguntas. 
Xamã saiu de sua cobertura e apontou sua Extensão para Djonganovamente estavam se encarando. 
- Que tipo de pergunta? – falou Djonga - Você sabe que não está em posição de perguntar nada, correto? 
- Sei. Mas vale a pena tentar... 
- Hum... - Djonga o olhou com um certo desdém, como se claramente soubesse muito mais sobre os mistérios do mundo do que Xamã - Você me convenceu Darkmancer, mas antes, me diga seu nome. 
- Victor Xamã. 
- Ok, Victor, você pode fazer três perguntas. Eu as responderei como puder – as chamas ainda piscavam em suas mãos e pés. 
Xamã respirou profundamente. Tinha conseguido tempo para planejar uma estratégia de luta, tempo para olhar seu ambiente e uma chance de desvendar mais do mistério da montanha, agora tinha de entender como a mão áurea se misturava com o mistério de seu nascimento. Não poderia perder a atenção da situação em que estava. 
- Você sabe onde nasci? - ele ponderou, usando sua primeira pergunta. 
- Sim. Sei onde você nasceu... - um silêncio se seguiu. Xamã perguntou de maneira errada, então teve que queimar sua segunda. 
- Onde eu nasci? 
- Aqui, nas cavernas da montanha, em um círculo de troca. 
Sua mente vibrou. A caverna, quatro mesas repletas de sangue seco, Sabbath, RentonViratempo, a mão áurea e o Um. Não conseguiu avaliar a área de Stardust. 
“Será que...” a cabeça de Xamã explodia de terror, uma última pergunta poderia terminar seu sofrimento. 
- Quem. Eu. Sou? - perguntou ele, suas mãos exalando fumaça negra como nunca tinham feito antes, as estrelas em seus olhos girando tão rápido que pareciam círculos brancos. 
- Uma chave. Você é uma chave Xamã. 
Djonga fez uma lâmina de fogo no braço que ainda funcionava e disparou em direção de Xamã. O questionário tinha acabado.  

Comentários

Episódio mais lido!